Terapia...
Depois do post que escrevi, sobre procurar apoio externo para as dificuldades de lidar com o passado dos nossos filhos, além dos comentários que agradeço, recebi também alguns emails onde, amavelmente, partilharam comigo detalhes das suas histórias e com isso deram as suas opiniões sobre a terapia.
Com tudo isso consolidei a minha opinião.
Sou muito a favor da terapia, sempre fui, especialmente quando esgotamos todos os nossos conhecimentos e não conseguimos ver de forma objectiva uma saída para os problemas. Acredito que para a terapia funcionar de verdade é preciso ter o apoio certo e estar aberto a ouvir, aprender e a ser sincero (não só com os outros, mas com nós mesmos). Sei que fazer terapia com um filho não é arranjar solução para ele, é aprender novas formas de lidar com os NOSSOS problemas. Nem sempre são psicologos clinicos que mais ajudam, depende de cada um e de cada situação, mas no limite procurarei sempre um terapeuta.
Devo dizer que, ao ser confrontada com algumas histórias de vida que me foram confiadas, só posso confirmar o que já sabia - nós somos uns felizardos -, pois apesar das dificuldades e quezilias diárias para ensinar e educar o nosso filho (quem as não tem?!?) segundo os princípios em que acreditamos, tivemos a "sorte" do maior problema com que fomos confrontados, até hoje, prender-se com a capacidade que tem em gerir as emoções.
É uma criança muito inteligente, com um aproveitamento escolar acima da média, mas não sabe estar numa sala de aula, não tem métodos de estudo, e é muito inseguro quanto às suas capacidades. Assim, temos de trabalhar diariamente para contrariar os hábitos passados
Adapta-se com muita facilidade a qualquer ambiente, é sociável não só com as outras crianças como com os adultos, às vezes até demais, daí termos de batalhar diariamente no saber estar, nos limites que deve respeitar e que deve impor para se proteger.
Desde que se cumpra as regras, não tem problemas com a alimentação ou com o sono. Se fizer as 4 refeições certinhas com um snack a meio da manhã, então come que nem um "leão" e de tudo um pouco, adora legumes e, apesar de no inicio não gostar de sopa, com a rotina de comer diariamente na escola e ao fim de semana ao jantar também (implementado de propósito para se habituar), hoje em dia já nem reclama, às vezes até repete. Quanto ao sono é só manter a rotina que, cai na cama e em pouco tempo adormeceu profundamente, para só acordar quando o vou chamar. Sempre que quebra a rotina temos de repor a hora da semana ao fim-de-semana durante umas semanitas para tudo ir ao sitio.
Tudo isto temos aprendido com o tempo, com pesquisas, com debates com outros pais e profissionais da área da educação. Temos trabalho diário para que ensiná-lo a controlar o "temperamento"/emoções, para diminuir as inseguranças e carências, e o que custa mais é que leva imenso tempo a ver mudanças, e só muito raramente se tem um pequeno vislumbre de que algo está a mudar, mas acontece.
Assim, devo dizer, que apesar dos dias de cansaço às vezes levarem a melhor de mim, estou consciente que tive "muita sorte com o presente que a cegonha me trouxe" (1) .
E sim, continuo preocupada com o futuro, mas que mãe ou pai não está?
(1) é assim que falamos da nossa história, a cegonha trás os bebés quando os papás estão preparados, só que a tolinha que trazia o meu filhote chocou com uma árvore e desviou-se do caminho...daí termos vivido tantos anos separados e à espera um do outro!