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UMA MÃE DE CORAÇÃO... e algo mais

Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

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Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

18
Mar15

Parte do processo de adopção

Nos últimos quatro anos, foram devolvidas 53 crianças a instituições, após terem sido entregues às respetivas famílias. 14 tinham já sido adotadas e 39 estavam em processo de pré-adoção. (no artigo falam de algumas explicações para esta situação)

 

Apesar de conhecer a realidade, vê-la transposta preto no branco em números torna-se ainda mais assustadora.

 

É verdade que pais biológicos também devolvem entregam os filhos para adopção, há crianças que entram assim no sistema, e algumas porque os progenitores também não estão preparados para os desafios de educar uma criança ou porque têm, aquilo a que chamo de, impossibilidade genética de criar empatia e laços de amor, mas quando se trata de adopção, para mim, é muito mais grave. No caso biológico considero um erro da natureza, permitir que uma mulher dê à luz quando tem esta "incapacidade" e uma que não a tem, não pode engravidar. No segundo caso trata-se de algo bem diferente, só recorre à adopção quem quer. Como é que se pode confiar uma criança a quem não está preparado?

 

Vejo muita discussão sobre o processo de adopção, as burocracias, as invasões de privacidade, as exigências, os longos questionários e entrevistas, oiço muita vez debates sobre o agilizar dos processos de adopção, e então penso, especialmente depois de ter passado por lá que o maior defeito de todo o processo não está desse lado da equação. Na melhor das hipóteses o processo é até muito simples e célere se considerarmos que um pequeno grupo de pessoas, tem de definir se as pessoas que se estão a candidatar a receber uma criança no seio da família como filh@, pessoas que lhes são completamente estranhas, estão realmente aptas para o fazer.

 

Para mim, deveria haver mais acções de formação, como a que fez parte do processo de avaliação de candidatura. No pouco tempo que tivemos, houve debate, partilha de ideias, e no meio dos grupos deu para perceber quem estava mais "fora da realidade". Recordo um "futuro pai" que se candidatava a uma criança com menos de três anos, considerar razoável esperar que a criança fosse obediente e agradecesse o sacrifício que ele iria fazer para lhe "dar uma vida melhor". Afinal, dizia ele, teria de fazer algumas mudanças na sua vida e o seu filh@ deveria mostrar-se grato por isso. Claro que toda a gente se riu, todos acharam piada, só quando ele fez um ar ofendido e disse que estava a falar a sério é que um pesado silêncio caiu na sala. Se foram aprovados ou não, não sei, sei que ficaram a conversar com a psicóloga e a assistente social no final. Até que ponto elas, mesmo com toda a experiência que têm, poderiam ter a certeza que ele realmente pensava assim, ou simplesmente não se soube exprimir??!!

 

A meu ver, a única parte do processo que precisa ser agilizada é a abertura do projecto de vida da criança para adopção. Quando os progenitores rejeitam um filho não me parece necessário um ano para mudarem de ideias. Quando a criança é retirada por maus tratos, negligência ou outras motivações semelhantes, não me parece que seja necessário um ano, dois ou três para verificar se estão a tomar as medidas necessárias para alterar a situação e assim poderem ter o filh@ de volta num ambiente saudável. Deixar as crianças a "marinar" numa instituição enquanto os adultos decidem o que querem da vida parece-me um crime!

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