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UMA MÃE DE CORAÇÃO... e algo mais

Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

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Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

10
Mar16

Os tempos de espera na adopção

Tenho conversado muito sobre esta questão, ao longo destes últimos anos. Tenho falado com pais que esperam, pais que desesperam, técnicos/as que trabalham em lares, assistentes sociais. 

 

Cada uma destas partes, por norma, defende o seu lado.

 

Os pais que esperam acreditam que tudo tem o seu tempo; os que desesperam acreditam que há falta de vontade das entidades competentes em resolver os problemas e tudo deveria ser mais simples (às vezes demasiado simplista, a meu ver); os técnicos dos lares balançam-se entre os que acham que as crianças que acompanham não são da sua responsabilidade apenas fazem o trabalho que lhes pagam, outras acreditam seriamente que o muito que fazem nunca será suficiente para colmatar as reais necessidades das crianças; as/os assistentes sociais vivem divididos entre os dramas dos pais biológicos, as pressões dos pais adoptantes e as restrições da lei.

 

Eu sempre fui das que acreditam que tudo tem o seu tempo. Acho que não se pode retirar uma criança à família de origem só porque sim. Há muitas situações em que os pais apenas precisam de uma orientação, de um certo apoio. O que não vejo acontecer com frequência no nosso país.

 

 

De tudo o que leio e oiço, e discuto com pessoas envolvidas nestas questões, cada vez me convenço mais que as alterações à legislação servem apenas para "distrair" dos problemas reais. A maior dificuldade que eu encontro em todo este processo é na definição do projecto de vida de uma criança para adopção.

 

Confesso que não conheço a legislação por completo, mas pelas situações que conheci, particularmente, ao longo dos anos, acho que há falhas graves. 

 

Primeiro: um casal adoptante (ou pessoa singular) tem de ter um registo criminal limpo, então porque é que um casal em que ambos cumprem penas de prisão efectiva têm direito a escolher entregar os filhos para adopção? Será que reincidentes mantêm esse direito? E que espécie de defesa do "superior interesse da criança" é tido em consideração nestas situações??? E sim conheci uma criança que esteve vários anos institucionalizada enquanto os pais estavam na cadeia, sempre que saíam iam busca-la para logo serem presos por outro crime qualquer, e voltar tudo ao mesmo.

 

Segundo: Se os progenitores são negligentes em relação aos cuidados básicos necessários às crianças, estas podem ser retiradas, e os progenitores têm de apresentar provas ou indícios de que alteraram a situação para voltarem a recebê-los, mas entretanto que formação é que lhes foi dada? Se até ali não sabiam como cuidar de uma criança como é que aprenderam??? Deram-lhes formação ou a opção de frequentar??? Então e foi assíduo, participante e cumpriu todos os requisitos?? Se sim, não me parece que, para estas questões serem aferidas, sejam necessários anos, mas apenas meses!!!

 

Terceiro: Em situações de violência, abuso sexual ou de qualquer outra espécie, será que há alguma hipótese de redenção?? Será que alguma vez, quem comete este tipo de crime, vai deixar de o fazer??? Então porquê tempo??? Não seria do "superior interesse da criança" ser em poucos dias/semanas reencaminhado para uma família que o apoie e cuide de verdade??? 

 

 

Nota: continuo a escrever - superior interesse da criança - entre aspas pois não acredito que haja um verdadeiro interesse em defender as crianças, não por parte de quem detém o poder para o fazer.

 

 

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