Como se "escolhe" um@ filh@
Uma das etapas do processo de adopção requer uma listagem de questões específicas sobre as caracteristicas que estamos dispostos a aceitar, da criança a adoptar.
Estas características de que falo tem a ver com os antecedentes familiares e as questões de saúde, nada tem a ver com o cabelinho louro e os olhos claros, como muitos podem pensar. Ainda assim, muitos de nós, ao percorrermos a listagem, sentimos como se estivessemos a escolher da ementa de um qualquer restaurante, muitos são os que lhe chamam, a lista de compras.
Contudo, esta lista, é muito mais do que escolher as características e antecedentes d@ filh@ que pretendemos adoptar. Para uns tratasse de, conscientemente, decidir até onde estão em condições de ir, quer emocional psicologica e financeiramente, para proporcionar o melhor para o futuro da criança que se preparam para criar e educar. Para outros é como que uma rejeição de um/a filho/a. Pesa no coração destes pais cada não que registam, a mim pesou e de todos os que conheci que passaram por este processo sentiram o mesmo.
Há quem pergunte e quem se pergunte se, tratando-se de um/a filho/a biológic@, @ iriam rejeitar por possuir determinada deficiência e, a resposta politicamente correcta, é que não, muito embora na verdade não possam ter a certeza dessa resposta já que nunca passaram por essa situação. Mesmo tratando-se de um/a filho/a biológic@ ninguém pode dizer como iria reagir ao ser confrontado com a questão, todos gostariamos de acreditar que seriamos incapazes da rejeição, muito embora o façamos sem saber que o estamos a fazer. (Como explica o Dr. Eduardo Sá no livro "Abandono e Adopção", há muitas formas de abandono e a maior parte nem se apercebe que o fez)
Se pensarmos bem na questão, na verdade, quando escolhemos um/a companheir@, futuro pai/mãe dos nossos filhos, também queremos conhecer os seus "antecedentes", o seu passado, é um processo durante o namoro em que vamos "seleccionando" as características que combinam connosco, o que nos faz sentir confortável, seguro, quem melhor se adequa a nós. No fundo, já estamos a fazer uma selecção das características dos nossos futuros filhos. Aí ninguém condena ninguém, trata-se de uma etapa da vida, mas na adopção esta mesma acção é mal vista.
Assim, se virmos bem, a "lista de compras" não é mais do que uma tomada de decisão consciente dos nossos próprios limites e nunca nos devemos envergonhar de decisões responsaveis. O que faz sentido para mim, para a minha vida pode não fazer para os outros e está tudo bem, assim é a vida... o que não quer dizer que seja fácil!!
Para quem está nesta fase do processo e se, de alguma forma se sente julgado, lembrem-se que quem mais julga é quem nunca passou pelo processo, quem nunca sequer colocou a possibilidade de adoptar. É muito fácil estar do lado de fora a dizer "Coitadinhas das crianças que "ninguém" quer!!" mas essas mesmas pessoas também nunca fizeram alguma coisa para as ajudar.