Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
... explicar uma doença séria, como a endometriose (ou outra qualquer), explicar os sintomas e consequência, acrescentando como "consequência" final, a impossibilidade de ser "mãe".
Há que educar os nossos médicos, técnicos de medicina, jornalistas e todos os que ainda têm duvidas sobre o que significa realmente ser mãe.
Digam, por favor, a estas mulheres que não poderão experimentar uma gravidez, um parto, e introduzam-lhes as alternativas para serem as mães que desejam ser, não limitem a experiência da maternidade à gestação. Maternidade é muito mais.
Há outras alternativas, outros caminhos, às vezes até mais penosos mas igualmente gratificantes para a maternidade verdadeira!!!
Adoro quando na rádio se fala de assuntos sérios e se ajuda a esclarecer dúvidas, mas vamos fazê-lo de forma correcta, ok?!?!?
PS: este post nada tem a ver com o anterior, foi apenas uma coincidência que mostra que existem várias formas de preconceito.
Sou daquelas que acredita que cada um deve educar os filhos como bem entende, as regras que servem para mim não têm que servir para os outros, os meus princípios e valores não têm de ser os dos outros, mas há um limite que considero intransponível: o princípio do respeito e da tolerância tem de ser transversal na educação das nossas crianças e jovens.
Ora, esta semana deparei-me, no Facebook, com uma série de posts com o hashtag "#BelNãoÉParaMeninasAdotadas", sobre um vídeo, ao que me pareceu, num desses canais caseiros no youtube onde uma "mãe" (não consigo escrevê-lo sem aspas) faz uma série de vídeos com a filha. Não sei muito bem sobre o que fala, mas também confesso que não me interessa. Neste vídeo em particular (que falam no post), ela conta que está a fazer uma série de vídeos no quarto da filha, e que sem a filha saber que está a ser filmada (quem vir o início topa logo que é mentira), vai-lhe pregar uma partida dizendo-lhe que não é sua filha de verdade que é adoptada.
Achei a história tão irreal que fui espreitar. Escusado será dizer que não consegui passar dos primeiros segundos de tão ridículo me pareceu. Pensei até que era completamente desnecessária toda a corrente criada à volta do vídeo. Depois comecei a ler os comentários e percebi que, as pessoas estavam incomodadas não apenas com o conteúdo do vídeo mas com a mensagem que passa às crianças que foram adoptadas.
Para mim é-me indiferente o que cada um faz, como faz, mas quando pisa os outros e alimenta preconceitos fico fula!!! Alguém que diz que não é a mãe verdadeira de uma criança porque esta foi adoptada então, para mim, não é mãe, não sabe o significado de MÃE. É ignorante e alimenta a ignorância.
Hoje na viagem até à escola o rapazote, entre outras mil coisas que comentou (sim é um tagarela como a mãe!!), contava-me que um dos amigos tem um telemóvel "velho" mas que o irmão tem um IPhone xpto, que o pai tem um ainda melhor e que o da mãe é mais avançado. Respondi apenas: "Ainda bem para eles, se é o que querem e podem." - já imaginando onde ia parar a conversa.
"Tu podias comprar um IPhone para ti e eu ficava com o teu velhinho, não me importo!" - diz ele. Quase me desmanchei a rir, não fosse saber que até estava a falar a sério... é um assunto recorrente, a questão do telemóvel. Por mais que lhe diga que não precisa de telemóvel e que não lho vou dar só porque os amigos têm, está difícil de aceitar!
Entretanto, disse-lhe que além de não querer, também não há dinheiro para esse tipo de coisas. Embora já me tivessem dito que não devia dizer ao pequeno que não há dinheiro para isto ou para aquilo eu continuo a achar simplesmente ridículo. Uma coisa é dizer a uma criança que não temos dinheiro para pagar a renda, a luz, ou a comida que pomos na mesa, isso sim parece-me que pode criar ansiedade desnecessária uma vez que não têm controlo sobre o assunto. Agora explicar que o dinheiro não cai do céu e que temos de controlar onde gastamos o dinheiro parece-me simplesmente educação.
Hoje em dia parece uma vergonha assumir que se é "pobre" (entre aspas já que para mim há vários níveis de pobreza) ou que não se tem dinheiro para isto ou aquilo, e essa vergonha estende-se aos filhos. Parece que assumir as nossas limitações financeiras junto dos filhos nos diminui de alguma forma. Pois eu não concordo, e por mais que algumas pessoas digam o contrário eu pretendo assumir-me tal como sou junto dos meus filhos e educá-los e prepará-los para o futuro!!!
Como é que as pessoas esperam que os jovens adultos enfrentem a vida se não estão preparados para as dificuldades????
Já muito se falou das alterações introduzidas com a nova lei de adopção, eu, confesso, não li a totalidade deste decreto-lei, assim como não li a lei original (sim que isto de ler decretos-lei é um autentico "vai e volta e torna a vir"), mas falei com algumas pessoas que a conhecem "por dentro" e no geral, ou no que é mais importante, nada mudou.
Na verdade, quanto mais conheço deste processo todo, mais acredito que a última coisa em que se pensa é no verdadeiro sentido do "superior interesse da criança"!
Entre outras pequenas alterações, uma das "recomendações" da lei (e coloco entre aspas porque apesar da obrigatoriedade da lei sei de distritos que ainda não estão a cumprir, quanto ao motivo desconheço), é que haja equipas de adopção separadas, ou seja, a equipa que avalia os adoptantes não pode ser a mesma que acompanha os mesmos adoptantes quando lhe é entregue a criança. Tudo isto a bem da transparência do processo.
Confesso que não entendo o que significa esta transparência... que as equipas que propõem as crianças para adopção, não sejam as mesmas que avaliam e "emparelham" (não encontrei um termo melhor!!!) os adoptantes com as crianças, talvez fizesse sentido, mas nesta fase separar equipa não entendo.
Outra mudança é que além do trabalho de "emparelhamento" (outra vez... sem melhor termo) desenvolvido pelas equipas de adopção dos adoptantes e das crianças, o processo ainda vai para uma comissão nacional independente que avalia as características de ambos. Dizem que para diminuir/evitar as devoluções. Creio que só aumenta os tempos de espera que tanto prometem reduzir, mas enfim, é o que temos!!!
E perguntam, afinal melhorou alguma coisa??? Pois, do que oiço quer de pretendentes à adopção, a assistentes sociais, e dos técnicos em alguns lares de jovens está tudo na mesma, a única mudança real é que agora, casais homossexuais não têm mais de esconder ou procurar subterfúgios para procurarem a família que sempre sonharam ter. Claro está, que entre a lei e a realidade há um hiato que parece difícil de transpor... resta-nos, portanto, a esperança de tempos melhores.
Os dias passam, as rotinas são fixadas e os momentos acontecem. Como tudo na vida há os bons, os menos bons e os que não são agradáveis.
Hoje em dia vivemos os mesmos dilemas e problemas de quem educa, em nada diferente dos outros pais. Ainda assim, de vez em quando há uns instantes que nos recordam que somos diferentes.
Esta semana o nosso rapaz, ao fazer um trabalho para a escola, onde tinha de se apresentar, colocou o local de nascimento com o nome da cidade onde vivemos. Num primeiro momento pensei apenas que se tinha enganado e disse-lhe para corrigir, mas ele não quis e ficou zangado com a minha sugestão....
.... e para onde foi logo a minha cabecinha??? Pois claro, "será que o rapaz não quer que os novos professores saibam que é adoptado??" ... "será que tem vergonha disso??"... "será que se sente diferente por isso??"... enfim, "viajei" por uns segundos enquanto todas estas questões rodopiavam dentro de mim. Quando o confrontei com a questão percebi que era EU que estava a "delirar"... o problema dele era mais logístico que outra coisa... não percebia como é que se nasce num lado e se vive noutro... nem o exemplo dos pais, que nasceram em lugares bem distantes do lugar onde vivem o fez entender... e depois de muita discussão só quando afirmei que os bebés não viajam sozinhos mas sim com os pais, é que consegui parar a conversa.... basicamente, o problema dele não fazia sentido nenhum, era apenas mais uma daquelas lógicas distorcidas que só os rapazes da idade dele parecem ter!!!
Por muitas certezas e segurança que tenhamos a verdade é que há momentos de duvida, de receio que nos assaltam!