Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
E cá estou eu, uma vez mais, para dar conta de mais um passo em frente em todo este processo.
Passámos a última fase da avaliação de candidatura à adopção - visita ao domicilio - se foi com nota positiva ou não, não sabemos, mas aparentemente sim!!!
Ao contrário do que ouvia dizer, esta visita trata-se menos da casa e mais da forma como vivemos, ou seja, como nos comportamos no nosso ambiente, quais as condições de higiene/arrumação que consideramos essenciais para receber visitas, se o espaço físico da casa tem lugar definido para os novos membros da família.
Conversaram um pouco com o rapazote, para saber como ele estava e o que sentia neste processo. Falámos um pouco sobre o que desejávamos e quais as expectativas reais (falo depois sobre essa conversa!) e eu propus verem a casa.
Como já conheciam a casa, desta vez, pediram apenas para ver o quarto dos "piquenos" (no caso dela, futuro quarto!). Como estamos ainda a estudar a melhor decoração do quarto do rapaz, a única coisa que viram é que efectivamente tem quarto para ele e para ela, e têm uma cama para dormir... como disse uma das AS: "É tudo o que uma criança precisa!". Claro que serão decorados e o dele já tem brinquedos, o dela, embora guardados também tem as bonecas que herda da mãe, tudo o resto será feito a seu tempo, quando ela chegar.
Havia quem dissesse que tínhamos de ter o quarto completamente composto, os roupeiros com roupa e, sendo bebé, deveríamos já ter cadeirinhas, carrinhos, muda fraldas, biberões, etc etc... é tudo falso!! É verdade que podemos ter tudo isso, mas preciso só é quando a criança chegar a casa, e para isso serve o tempo entre proporem a criança e irmos conhecê-la!!! Ao meu filho só comprei alguma coisa depois de o conhecer, desde roupas a brinquedos... tudo veio a seu tempo... a única coisa que fiz questão de ter (e porque me foi oferecido, se não, não sei se me teria lembrado!!) foi o banco para o carro pois não sabia a altura dele.
Como disse a AS, "Seria uma tortura muito injusta ter um quarto preparado para uma criança quando não sabemos quando poderá chegar", por isso desengane-se quem achava que já tinha de ter tudo pensado e preparado para esta visita... o importante é mostrar como vivem, e que haja um lugar para a criança, mais nada!!!
Agora é esperar pelo certificado que nos habilita para a adopção (é mais ou menos como ir ao médico e confirmar que estamos, de facto, "grávidos"!!)
Hoje foi dia de mudanças cá em casa... lamentavelmente não mudámos de casa (canso-me depressa do lugar onde vivo, por mim de 5 em 5 anos - máximo - mudava de casa!!!)... mas mudámos umas mobílias de sitio!!!
O rapaz ganhou uma "cama de crescidos" e o quarto da mana ganhou espaço... perdemos o "quarto de visitas" mas reservámos o lugar da futura mana!!!
Entretanto, e aproveitando a "cama de crescidos", vamos fazer uma remodelação na decoração do quarto e claro que já não há espaço para a "luz de presença" que teimava em não ir embora!!! Esta é a primeira noite... vamos ver como corre ou se a maldita tem de regressar!!!
Na hora de deitar já foi complicado e houve uns miminhos extras para ajudar a relaxar, entretanto, dorme-se tranquilo... mas tenho cá para mim que durante a noite vou ouvir um passarinho a passear pelo corredor!!!... mãe sofre!!!!
Estivemos, uma vez mais, reunidos com a equipa de adopção e, desta vez, com um grupo de mais 4 casais(da primeira vez éramos mais!). As AS tinham-nos dito que gostariam que partilhássemos a nossa experiência, o que eu não esperava é que nos apresentasse logo de início.
Fizemos trabalhos de grupo, discutimos algumas das questões mais complicadas da adopção, colocaram-nos questões, partilhámos a nossa experiência e assistimos a um vídeo com outros testemunhos... foram quase três horas que apesar de "longas" pareceram curtas para todas as questões que queríamos debater!!
No final houve apenas tempo para agendar as visitas domiciliárias... a última fase do processo de avaliação dos candidatos... e, imaginem a minha surpresa, quando ficou marcada já para a próxima semana!!! Isto realmente é fantástico, a celeridade com que fazem avançar todo este processo é maravilhosa, o cuidado com que nos tratam, a simpatia e disponibilidade para as nossas duvidas, os nossos receios, é maravilhoso!! Só lamento que nem todos possam sentir o mesmo por parte das técnicas que os acompanham... independentemente, de como terminar este processo, tenho de deixar aqui o meu OBRIGADA a toda a equipa que nos acompanha!
E assim, para a semana, mais um passo em frente, desta vez com a participação do "piqueno"!!!
Conhece esta espécie de morte que nos leva mas nos deixa para trás??
Eu conheço... mas não é de mim que falo!
Como cuidadora de uma pessoa com demência, assisto, diariamente, à sua morte. Este processo longo e lento é tão torturante para quem o vive como para os que o assistem. Vivo a luta diária de tentar mantê-la consciente, minimamente alerta, confortável... feliz!! E todos os dias sinto que falhei.
No ultimo mês, o declínio foi tão acentuado e abrupto que nada mais resta do que esperar um fim inevitável que, para ela, tarda em chegar. Nós que a amamos, e que cuidamos, vivemos em suspenso, na corda bamba, entre o desejo da manter perto de nós e o desejo de lhe aliviar o coração que pede descanso.
Pergunto-me muita vez, que direito temos nós humanos de prolongar a existência de outro ser humano que já não se sente vivo... será mais "humano" este prolongamento imposto por medicamentos e tratamentos que em nada melhoram a qualidade de vida? não será um tanto egoísta da nossa parte prolongar-lhe esta "vida" da qual ela há muito desistiu??? ... não sei...
Por aqui vivesse um dia de cada vez a assistir à sobrevivência de quem já cá não está!!
Morte em Vida
Um dia mais passou e ao passar Que pensei ou li, que foi criado? Nada! Outro dia passou desperdiçado! Cada hora já morta ao despontar!
Nada fiz. O tempo me fugiu E à Beleza nem uma estátua ergui! Na mente firme nem credo ou sonho vi E a alma inútil em vão se consumiu.
Então me caberá sempre ficar Qual grão de areia na praia pousado, Coisa sujeita ao vento, entregue ao mar?
Ah, esse algo a sofrer e a desejar, Inda menos que um ser inanimado Sempre aquém do que podia alcançar!
