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UMA MÃE DE CORAÇÃO... e algo mais

Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

UMA MÃE DE CORAÇÃO... e algo mais

Este blog, mais do que "mãe de coração" tem "fragmentos de uma vida comum". Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral, da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.

27
Jun16

O nome dos filhos...

Já por diversas vezes me perguntaram se:

... fomos nós quem escolheu o nome do meu filho?  - Não fomos!

... não quisemos muda-lo? - Quisemos! ... Porque não o fizemos? - Ele não quis!

 

A realidade é esta, na adopção é-nos permitido mudar o nome dos nossos filhos, além dos apelidos, mas apenas até uma determinada idade (não tenho muito bem presente qual o limite, mas creio que é bem pequeno). A partir daí continua a ser possível mas apenas se a criança assim o desejar.

 

Conheço crianças que mudaram o nome próprio, outras que mudaram o segundo nome e outras que não mudaram nada. 

 

O meu filho descobriu este fim-de-semana que o avô (que só teve filhas) se tivesse tido um rapaz seria com o nome que ele tem, estão a ver como ficou inchado!!!

 

Depois tem uma tia que rebaptiza os sobrinhos todos... e ele acha piada, mas se a mãe usar esse nome com ele já não acha piada nenhuma...

 

Enfim, não vale a pena fazer drama disso, para nós deve ser apenas um nome, para eles é a identidade... eu optei por um apelido carinhoso que ele adora!!

23
Jun16

Estou meio que deprimida...

... tenho estado para aqui a ler o Relatório CASA de 2014 (parece que o de 2015 está difícil de redigir...acho que sai lá para o final do ano... de 2016), e aquela sensação de angustia voltou a assaltar-me. Sinto um nó no estômago sempre que penso na quantidade de jovens institucionalizados e a quem é negada uma família uma vez e outra vez e mais outra, e sabe-se lá quantas mais.

 

Apresentam por ali estatísticas que comprovam que há crianças a ser institucionalizadas cada vez mais tarde (fico com a sensação que logo que entram na adolescência e se tornam "difíceis" tratam de os despachar para uma qualquer instituição), jovens/crianças a passar de instituição em instituição, outras que entram cedo demais e passam toda a infância nesses lares, sem uma família, alguém que os encaminhe de verdade para a vida adulta, alguém que os ame.

 

Conheço o caso de uma criança que esteve institucionalizada durante 6 anos, sem contacto com a família biológica, mas, porque o juiz da comarca em que se encontrava, não era a favor da adopção, foi deixando passar o tempo solicitando sempre, às técnicas, novas tentativas de integração na família biologia. Outro caso, é de uma jovem menina, adolescente, cujos progenitores estavam na cadeia por prostituição e proxenetismo que permanecia institucionalizada (aparentemente a cumprir a mesma pena dos pais!!) porque estes não concordaram em entrega-la para adopção, mas concordaram em entregar o filho mais novo. A resposta de uma das técnicas da instituição é que pelo menos ainda a queriam a ela!!! 

Da vez que ouvi estas histórias fiquei super revoltada a questionar-me onde é que ficava o superior interesse das crianças!!!

 

Sei que estas questões não são tão simples assim, ou talvez, não tão lineares, e também sei, por experiência, que não é sempre assim. Há juízes que realmente olham ao que mais convém às crianças, há técnicas atentas que zelam da melhor forma possível pelos interesses destas crianças, mas ao que me parece, ainda se encontra muitos preconceitos junto dos decisores, os próprios políticos que apresentam as propostas de lei, ou que aprovam os regulamentos, são muitas vezes cegos ao que realmente importa para que as nossas crianças e jovens possam crescer de forma saudável e tornarem-se membros produtivos da sociedade!!!

 

Pergunto-me muita vez o que posso eu fazer para melhorar a situação...e ainda não encontrei respostas!!!

20
Jun16

Rescaldo da primeira semana de férias

Terminou um novo ano lectivo e começaram as férias de Verão. Felizmente, o nosso rapaz pode frequentar, novamente, o ATL de anos anteriores. Além das fantásticas actividades lúdicas, tem desporto, tem cultura e tem os amigos dos anos anteriores para lhe fazer companhia nas brincadeiras.

 

Com o aproximar do final do ano lectivo, os "humores" cá em casa andavam um bocadinho alterados. Esperei que a chegada das férias ajudasse a acalmar as coisas... mas não foi bem assim. Acho que o dia inteiro de brincadeira também cansa, porque o rapaz anda exausto e ao mesmo tempo eufórico com todas as actividades que estão programadas.

 

Como resultado disto tudo, anda rezingão, sempre a reclamar de alguma coisa, respondão (fiquei a saber no final do ano que já andava assim com os professores também!). Na sexta-feira passada, cansei-me!! Disse-lhe que estava PROIBIDO de voltar a resmungar, se precisasse de reclamar de alguma coisa devia fazer por escrito que a mãe e o pai em conjunto iriam analisar depois a questão. De início não me levou muito a sério, mas sempre que ia começar a reclamar eu lembrava: "Atenção, só são aceites reclamações por escrito!!" ... e não é que a resmunguice diminuiu?!?!?!?

 

Pode ser mera coincidência, pode ser "sol de pouca dura" mas vou aproveitar a "onda" o máximo de tempo possível!!!!

 

 

PS: e não, não houve reclamações por escrito!!!

19
Jun16

Tinha de partilhar!

Hoje, pela primeira vez, o meu filho disse "Gosto muito de ti mãe!".

 

Pode parecer ridículo, afinal eu sei que ele gosta, mas ouvi-lo dizer assim, com todas as letras e num momento tão banal, encheu-me o coração. Está tão inchado que mal me cabe no peito!!!

 

Nestes dois anos e meio, houve apenas um outro momento, há mais de um ano, em que o disse, mas sussurrado, e foi numa hora em que lhe dava mimos na hora de dormir. Hoje estávamos a regressar a casa depois de uma voltinha a pé, e eu tinha acabado de o chamar à atenção que não podia ficar ao sol pois era hora do almoço e o sol estava demasiado quente. Foi um momento igual a tantos outros que se tornou extra especial!!!

 

Para quem ouve cim frequência estas palavras, se calhar nem o regista, mas para mim é tão mas tão especial que nem consigo descrever por palavras!!!

 

 

Resultado de imagem para coração

 

 

14
Jun16

Como se "escolhe" um@ filh@

Uma das etapas do processo de adopção requer uma listagem de questões específicas sobre as caracteristicas que estamos dispostos a aceitar, da criança a adoptar.

 

Estas características de que falo tem a ver com os antecedentes familiares e as questões de saúde, nada tem a ver com o cabelinho louro e os olhos claros, como muitos podem pensar. Ainda assim, muitos de nós, ao percorrermos a listagem, sentimos como se estivessemos a escolher da ementa de um qualquer restaurante, muitos são os que lhe chamam, a lista de compras.

 

Contudo, esta lista, é muito mais do que escolher as características e antecedentes d@ filh@ que pretendemos adoptar. Para uns tratasse de, conscientemente, decidir até onde estão em condições de ir, quer emocional psicologica e financeiramente, para proporcionar o melhor para o futuro da criança que se preparam para criar e educar. Para outros é como que uma rejeição de um/a filho/a. Pesa no coração destes pais cada não que registam, a mim pesou e de todos os que conheci que passaram por este processo sentiram o mesmo.

 

Há quem pergunte e quem se pergunte se, tratando-se de um/a filho/a biológic@, @ iriam rejeitar por possuir determinada deficiência e, a resposta politicamente correcta, é que não, muito embora na verdade não possam ter a certeza dessa resposta já que nunca passaram por essa situação. Mesmo tratando-se de um/a filho/a biológic@ ninguém pode dizer como iria reagir ao ser confrontado com a questão, todos gostariamos de acreditar que seriamos incapazes da rejeição, muito embora o façamos sem saber que o estamos a fazer. (Como explica o Dr. Eduardo Sá no livro "Abandono e Adopção", há muitas formas de abandono e a maior parte nem se apercebe que o fez)

 

Se pensarmos bem na questão, na verdade, quando escolhemos um/a companheir@, futuro pai/mãe dos nossos filhos, também queremos conhecer os seus "antecedentes", o seu passado, é um processo durante o namoro em que vamos "seleccionando" as características que combinam connosco, o que nos faz sentir confortável, seguro, quem melhor se adequa a nós. No fundo, já estamos a fazer uma selecção das características dos nossos futuros filhos. Aí ninguém condena ninguém, trata-se de uma etapa da vida, mas na adopção esta mesma acção é mal vista.

 

Assim, se virmos bem, a "lista de compras" não é mais do que uma tomada de decisão consciente dos nossos próprios limites e nunca nos devemos envergonhar de decisões responsaveis. O que faz sentido para mim, para a minha vida pode não fazer para os outros e está tudo bem, assim é a vida... o que não quer dizer que seja fácil!!

 

Para quem está nesta fase do processo e se, de alguma forma se sente julgado, lembrem-se que quem mais julga é quem nunca passou pelo processo, quem nunca sequer colocou a possibilidade de adoptar. É muito fácil estar do lado de fora a dizer "Coitadinhas das crianças que "ninguém" quer!!" mas essas mesmas pessoas também nunca fizeram alguma coisa para as ajudar. 

 

 

 

 

06
Jun16

Responsabilidade vs culpa

Aqui em casa uma frase muito ouvida é "Queres ver que a culpa é minha, agora é tudo culpa minha!"... adivinhem lá quem a diz!!! Qualquer chamada de atenção ouve esta frase de resposta.

 

De início eu costumava dizer-lhe que não o estava a culpar, apenas a chamar à atenção de algo que não estava bem. Depois ouvi uma explicação que me fez mudar de ideias: "Todas as tuas acções são da tua responsabilidade. Qualquer atitude que tomes, consciente das consequências, é culpa tua", ou seja, ainda que não tenhamos intenção de magoar uma pessoa se foi pela nossa acção que isso aconteceu, então é da nossa responsabilidade, se por outro lado fizemos de propósito então passamos a ser culpados, além de responsáveis!

 

Assim, agora, quando o "piqueno" pergunta se estou a dizer que a culpa é dele eu respondo com outra pergunta: "sabias que estavas a fazer errado?" se responder sim, então confirmo que a culpa é dele, pois sabia que estava a errar e escolheu fazer na mesma. Se, pelo contrário, não tinha intenção, então explico porque foi mal feito e como deve fazer da próxima ou como reparar o erro indevido, pois, apesar de não ter "culpa", tem "responsabilidade" sobre o acto.

 

Como o conceito parece complicado para ele, já que quase todos os dias explico com exemplos práticos e ele continua a afirmar que estou simplesmente a culpa-lo porque me apetece, acho que vou experimentar pô-lo a escrever a diferença entre uma coisa e outra durante 21 dias como a Olívia explica aqui... pode ser que funcione melhor!!! 

 

03
Jun16

Sobre o Dia da Criança

No dia anterior ao Dia da Criança, ou seja 31 de Maio, o meu rico filho, no caminho para casa diz-me:

 

- "Mãe, amanhã tens de me levar a jantar fora."

- "Ai TENHO? Então porquê, posso saber?!"

- "Quer dizer, não tens, mas é o dia da criança por isso eu quero ir jantar ao shopping."

- "AH! E o que é que o dia da criança tem a ver com tu quereres ir jantar ao shopping?"

- "Então, se é o dia da criança e eu sou criança tenho o direito de escolher o que quero fazer!"

- "Humm! Pois, mas acho que estás enganado. Amanhã é mesmo o dia da criança, mas das crianças que não têm pais, ou que não podem ir à escola, ou que não têm roupa, ou que não têm comida, nem mesmo uma cama para dormir. Falta-te alguma destas coisas???"

- "Não!"

- "Então não é o teu dia!"

- "Mas eu sou criança!"

- "Certo, e já que não percebes a diferença podes chegar a casa e depois dos TPC's, ir pesquisar o que é de verdade o "Dia da Criança", porque é que foi criado e o que se deve fazer neste dia!"

 

E assim morreu o assunto. Tinha intenção de fazer um trabalho com ele sobre o tema, mas terá de ficar para outra altura. Os TPC's duraram mais tempo do que o esperado e ainda havia testes a preparar. Só quando ele reclamou por ter de estudar é que lhe disse que devia lembrar-se, nesse dia em particular, das crianças que gostariam de estar a estudar mas não podiam.

 

Parece-me, aliás, como já falei sobre outras datas, que estes dias comemorativos estão cada vez mais despidos do seu verdadeiro sentido. Recordo-me, em criança, de fazermos trabalhos nestes dias sobre o verdadeiro significado do dia, agora parece que só se fala em comprar, em ter! 

 

Uma amiga disse que era uma injustiça eu não dar um "miminho" ao meu filho nesse dia especial, e quando lhe disse que lhe dava MIMOS todos os dias, que não preciso de um dia especial para o fazer, também ela referiu o "mimo físico", ou seja, um presente, que as outras crianças também recebem!!! Pois, talvez seja assim, mas eu tenho por princípio não dar nada ao meu filho porque os outros também têm. Quero que aprenda o verdadeiro sentido do ter e especialmente do ser. Se com isso estou a ser injusta com o meu filho, pois seja, mas não vejo as outras crianças mais felizes e bem ajustadas na vida.

 

Cada um é livre de fazer as próprias escolhas e a minha é esta, se os outros não se devem sentir mal pelas escolhas que fazem, porque tentam que eu me sinta mal por fazer o que acho que é certo para nós??!!??

02
Jun16

E já está! #3 - Proc. Adopção em progresso

E como diz "o outro"..."E a marcha continua!!"

 

Semana passada, nova reunião na SS. Avaliação psicológica, feita!

Por norma, e numa primeira adopção, nesta reunião faríamos um resumo das nossas relações afectivas com família e amigos, falaríamos sobre a forma como fomos educados e sobre a nossa perspectiva da parentalidade. Responderíamos a uma série de questionários de avaliação psicológica e de técnicas de parentalidade.

 

No nosso caso a técnica estava mais interessada em saber como tinha corrido a nossa adaptação ao nosso filho. Para ela, a história passada podia ler nos relatórios, e os testes como já havíamos respondido não era necessário fazer novamente.

 

A verdade é que foi, uma vez mais, uma conversa, não diria entre amigas, mas entre pessoas com um interesse comum. Confesso que, considerando algumas experiências que vou conhecendo, ou melhor, o que algumas pessoas dizem ter sentido da parte dos técnicos que as acompanham, e sendo esta técnica nova para nós, tive algum receio inicial de que as coisas não corressem tão bem como das vezes anteriores, mas não foi o caso. Senti da parte dela um interesse genuíno não só em conhecer-nos mas também em dar às crianças a melhor.

 

Pude aprender, também, mais sobre os meandros da adopção, ou seja, o outro lado que nós pais não vemos nem conhecemos, e fiquei ainda mais convicta que ainda há muito preconceito na adopção, particularmente, por parte de quem tem o destino das crianças nas mãos.

 

Não se trata apenas de não haver candidatos, que não há para determinados perfis; não se trata apenas de técnicas que fazem um acompanhamento deficiente dos casos que têm em mãos, embora também as haja; nem se trata apenas da legislação pouco clara ou insuficiente, mas também dos que a aplicam, que se mostram cada vez mais reticentes em definir o projecto de adopção para as crianças. Continuam a privilegiar os direitos da família biológica em detrimento do "superior interesse da criança".

 

Diz-se que às vezes a ignorância é uma benção, mas neste caso, acho que temos mesmo de melhorar a educação dos portugueses em geral para que as gerações futuras possam efectivamente ter um futuro!