Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
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da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Finalmente, um fim-de-semana primaveril. e como é "tradição", assim que brilha o sol, lá vamos nós para uma caminhada.
Umas vezes pelo campo, serra ou praia e outras vezes procuramos cidades com percursos pedestres interessantes. Leiria, aqui no centro, é uma dessas cidades, o percurso polis é maravilhoso. Faz-se ao longo do rio, de norte para sul ou vice-versa, atravessando bem o centro da cidade.
Numa parte do percurso que costumamos fazer passamos pelas cascatas na parte de trás do museu do papel:
outras um pouco mais à frente com os patos bravos.
e um inúmero conjunto de paisagens, edifícios, recantos maravilhosos.
Desta vez tivemos uma surpresa, bem por trás do convento de Sto Agostinho. Esteve em obras durante anos e neste domingo, como vimos a zona aberta resolvemos passar para ver como tinham deixado a parte exterior, e aí é que estava uma ideia que achei fantástica.
Vêm esta floresta verdejante???
Pois não é a minha fotografia, a foto completa é esta:
usaram um painel com uma imagem que se fundisse com o redor e colocaram a cobrir uma parte de um edifício em ruínas!!!
Adorei a ideia, enquanto não se restauram ou reabilitam estes edifícios antigos achei esta fórmula maravilhosa.
Há uns dias dei-me conta do número crescente de posts que publico com os momentos menos bons, e embora não venha aqui escrever para provar algo a alguém, hoje quis registar o dia que estamos a ter.
Estamos num fim-de-semana prolongado, mas cá por casa é apenas fim-de-semana, com a vantagem de termos mais um dia em família. Ora isto significa cumprir com as tarefas típicas dos sábados.
Assim, logo de manhã cedo, enquanto a mãe preparava o café, o meu rapaz veio pôr a mesa para o pequeno almoço (é tarefa estabelecida toda a semana - pôr e levantar a mesa... hoje em dia já não é preciso mandar fazer!). Depois fomos arranjar-nos e arrumar os quartos (durante a semana não o chateio com a cama, mas ao fim-de-semana sabe que tem de o fazer, também já não preciso mandar). A seguir vêm os trabalhos de casa e o estudo (esta parte é que é sempre complicada!!) e embora não estivesse satisfeito, fez todos os exercícios que o pai mandou.
Depois de almoço, arrumou a loiça lavada da máquina, ajudou o pai a lavar o carro e esteve na cozinha com a mãe a fazer um bolo para o lanche!!
Entretanto, está no tablet e embora eu preferisse que estivesse aqui no sofá comigo e o pai a ver um filme ou na rua a andar de bicicleta com os colegas do condomínio, a verdade é que também sei que preciso ceder e recompensa-lo pelo bom comportamento. E os jogos de computador são o mundo desta nova geração. Cá por casa há regras para o usufruto das novas tecnologias, compromissos assinados em papel por todos nós, e um dos pontos diz que depois das tarefas cumpridas pode ter umas horas de jogos.
Houve quem me dissesse que dou demasiadas tarefas ao rapaz, mas a verdade é que são essas tarefas que o deixam satisfeito, gosta de contribuir com a parte dele para o bem comum, além de que é tempo que passamos com ele, em que conversamos e o ensinamos coisas que são importantes para o futuro.
E como me ensinou o meu pai com o velho ditado "quem não trabalha, não come"!!!!
Hoje a viagem matinal deu origem, novamente, a uma daquelas conversas de mãe. Apesar de não ter corrido mal (não houve gritaria), vim para casa a pensar no que, realmente, tinha entrado... até que ponto tinha sido eficaz a passar a mensagem que pretendia. Depois recordei algo que aprendi no curso de formação de formadores...
Parece que o nosso cérebro não regista a negativa, ou melhor, frases na negativa. Por exemplo, se eu disser: "Não penses num elefante azul!"... em que é que estão a pensar neste preciso momento, ou qual foi a primeira imagem que vos veio à cabeça ao ler a frase?... um elefante azul - porque, na verdade, o nosso cérebro não consegue registar o não!!!! Engraçado não é??
Pois, os defensores da parentalidade positiva reforçam também esta ideia, acrescentando que há palavras que devemos evitar. Por exemplo: Se dissermos, "Não deves mentir" - como o cérebro não regista o não, ficasse apenas com a mensagem "deves mentir"; Se, em contrapartida, tirarmos a negativa e a transformarmos em positiva, "É errado mentir" - a mensagem é registada mas o ênfase continua na "mentira", chamando a atenção para este acto; por outro lado, se usarmos a positiva com palavras positivas como "Deves dizer sempre a verdade", além da mensagem ficar registada damos ênfase ao que se pretende que é a "verdade".
Ora isto é tudo muito interessante, mas eu preferia ter-me lembrado disso antes de ter falado com o rapaz, e gostava ainda mais se conseguisse, pelo menos, no futuro aplicar esta fórmula sempre... lamentavelmente, o meu cérebro também é um bocadinho lento e só se lembra destas coisas mais tarde!!!
De qualquer forma, quero muito testar esta teoria já que as outras não estão a funcionar!!!
#1 - "A dor é inevitável, o sofrimento é opcional."
Levando em consideração que as pessoas só nos podem magoar se souberem ao que damos importância, evitar o sofrimento inútil pode consistir, simplesmente, em dar um passo para trás, em desligarmo-nos emocionalmente e ver as coisas sob outra perspectiva. Isso requer prática e tempo. Para ajudar devemos considerar outra frase budista que nos diz: “Tudo o que somos é resultado do que pensamos; está baseado nos nossos pensamentos e é feito deles”.
Para mim tudo o que me faz mal desaparece. Se alguma coisa me magoa ou incómoda falo sobre o assunto com quem de direito, se for o caso, desabafo com quem me ouve e sigo em frente. Sem rancor nem mágoa. É certo que umas dores custam mais do que outras, mas eu escolho não ficar agarrada a elas.
O perdão não é para ser dado aos outros, mas a nós mesmos. Acredito que ao perdoar quem me magoa, não estou a dar a quem o fez, mas estou a dar a mim mesma a oportunidade de viver livre.
Esta é uma das máximas que trago diariamente comigo.
O meu filho já me disse vezes e vezes sem conta que me odeia... e sim, é verdade que por vezes magoa e me deixa triste, apesar de saber que não é verdadeiramente sentido... e outras vezes, ainda que não me deixe feliz, dá-me a certeza de que estou a fazer o mais correcto para ele.
Ainda ontem ouvi dizer que os pais não podem nem devem entrar num concurso de popularidade com os filhos. O papel dos pais é cuidar, ensinar, educar, preparar para o futuro, de modo a que estes sejam adultos responsáveis, produtivos e felizes. O que prejudica os filhos, mais do que o resto, é esquecermo-nos do nosso papel de pais e querermos fazer o papel de amigos.
Oiço, por exemplo, amigas minhas queixarem-se que os filhos passam o tempo agarrados aos telemóveis, e eu pergunto-lhes: "Se achas errado, porque não lho tiras?" ao que respondem: "Ah se faço isso, faz logo uma birra. Se não o deixo jogar começa a ficar irritado, a discutir por tudo e por nada, e chora que não tem nada para fazer... enfim, acabo por desistir!"
É verdade, há alturas que dá vontade de baixar os braços, mas cada vez que me lembro do olhar triste de uma adolescente a dizer-me que a mãe é a melhor amiga dela, mas que às vezes gostava de ter mãe!! Meu Deus, fiquei de coração partido, especialmente, porque esta adolescente já foi muito acusada de ser assim e ser assado, mas a verdade é que realmente nunca teve uma "mãe"!!
Por muito que me custe ver o meu filho triste, aborrecido, zangado, frustrado, prefiro vê-lo assim agora e que aprenda a lidar com esses sentimentos, a nunca lhe ensinar e vê-lo em adulto sofrer muito mais. Confesso que há dias em que me sinto cansada, e com certeza não tenho a melhor atitude, mas como lhe digo sempre, há que reconhecê-lo, pedir desculpas e fazer melhor.
Nas últimas semanas tenho-o notado mais desafiador, sempre a contrariar, a fazer o oposto do que devia, a criar discussão em todas as conversas que tento ter com ele... há dias que não me apetece nada ir busca-lo há escola porque sei que a viagem vai ser a discutir!
Quando tento conversar com ele a resposta é sempre a mesma: "Não sei!" mas no outro dia, encolheu-se meio envergonhado e disse: "Acho que é mimo a mais!" eu ri-me e disse que isso é o que o pai diz na brincadeira e ele disse que não, que o pai faz mais vontades que a mãe e ele queria que eu também lhe fizesse as vontades!!! Respondi-lhe que não pode ser assim, que se lhe fizesse as vontades não estaria a fazer um bom trabalho a educa-lo. Respondeu que sabia disso mas não gostava! Eu disse-lhe que também não gostava muito, mas como gostava dele fazia o sacrifício de ser a "má" e continuar a educá-lo... acabou a bem essa conversa mas passado umas horas nova contrariedade, nova birra!!
Enfim, custa, mas quero ser mãe dele, não apenas amiga e isso implica, às vezes ouvir um "odeio-te", "não gosto de ti", "és má" ... e outras coisas que filhos/as dizem aos pais, mesmo quando não o sentem! Nesta função, há dizer que não, há deixar errar, há dar conselhos ainda que não o tenham pedido, há que elogiar, há que criticar... basicamente há que fazer muito do que não é agradável mas necessário para aprenderem a viver num mundo que raramente é um mar de rosas!!!
Gosto de ter algumas tradições, de cumprir com algumas das que cresci e criar novas para a minha nova família. Lamentavelmente, nem todos estão de acordo. Ainda assim, este ano insisti na ida à Serra da Estrela na sexta-feira de Páscoa, a caminho de casa dos sogros, tal como havíamos feito o ano passado.
Tinha planeado parar para visitar o Museu do Pão em Seia (já falo nesta visita há anos!!), almoçar no Sabugueiro (a aldeia mais alta de Portugal), comprar uns trenós e ir até à Torre fazer palhaçadas e cambalhotas. Durante todo o caminho, houve amuos, discussão, alguns berros e muuiitta birra. Os homens da casa só pensavam em despachar a viagem e chegar rapidamente ao destino final. Acabámos por passar pelo museu sem parar (novamente), almoçámos no Sabugueiro, no meio de outras tantas birras (o filho amuava, o pai ignorava tudo o que se dizia e a mãe passava-se!!!), não comprámos trenó e subimos até a zona com uma boa dose de neve onde nos limitámos a atirar umas bolas de neve e tirar algumas fotos.
Por esta altura, a paisagem branca já tinha feito o efeito habitual em mim e portanto limitei-me a aproveitar o momento e relaxei, o marido adora ver o filho rebolar na neve por isso estava mais satisfeito, o filho como adora neve parou com a resmunguice e divertiu-se à grande na neve.
Na descida aproveitei a paisagem para manter o espírito calmo, carregar baterias para, o que sabia, iria ser um fim-de-semana "desafiante" e fiquei a ouvir a nova resmunguice porque não tínhamos trenó nem esquis e que devíamos ter feito assim, e podíamos ter feito assado. Embalada pela paisagem respondi calmamente: "Da próxima vez, isto se eu resolver dar-vos uma nova oportunidade, fechem a boca e oiçam os planos antes de começarem a reclamar!! Experimentem e pode ser que sejam bem mais felizes!"
Escusado será dizer que não serviu de nada e continuaram a viagem com reclamações... tal pai tal filho... mas a mãe, embalada de uma nova serenidade, não ouviu mais nada!
Deixo aqui algumas das paisagens pois mesmo à distancia, quem sabe, produz o mesmo efeito que teve em mim naquele dia!!
Documentação entregue na Segurança Social, novo processo de adopção iniciado oficialmente, há apenas umas horitas!
Pela segunda vez vamos fazer a avaliação da família... agora com terceiro elemento!
Sabe-se lá porquê, mas a ansiedade desta vez é muito maior. Acho que, o facto do primeiro processo ter corrido tão bem, estou mais receosa que a situação não se repita. É verdade que mantenho o espírito da primeira vez - preparar-me para o pior e esperar o melhor - mas há um friozinho no estômago que custa a passar. Não tenho ilusões e sei que não será fácil, mas estou de coração apertado pela "pecinha" que falta à família, o que estará a passar, como será a vida dela, quando é que vou poder abraça-la e receber no meu colo!?!?!?
Hoje chegou o dia de devolver o filho à escola e retomar as rotinas que nos "prendem" na maior parte do ano.
Confesso que já estava a precisar!!! Mas por qualquer motivo que não percebi muito bem, quando cheguei a casa depois de o deixar na escola, havia qualquer coisa estranha no ar. Pensei que teria deixado a máquina do café ligada - não, talvez a tostadeira, não... e, de repente, o silêncio... ah é isso!!!
Como é que um só pimpolho consegue encher tanto uma casa é algo que continua a surpreender-me!
Enfim, o que vale o dia hoje é cheio e não tenho muito tempo para ficar surda com o silêncio da casa!
Seja como for começo a achar que sofro de algum mal ... desespero por uns momentos de silêncio e quando chegam fico desorientada!!!