Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Estou para aqui com um nó no estômago que ainda não sei como desfazer. Há uns dias vi a apresentação de uma reportagem da TVI sobre um jovem que havia sido adoptado em criança e que, agora adulto, resolveu procurar o seu passado, e fazem a viagem com ele. Só hoje tive oportunidade de a ver. Partilho aqui o link para quem quiser ver (não consegui o vídeo), e não posso deixar de incluir algumas "pérolas" (entenda-se opiniões!) muito pessoais.
1º Concordo totalmente, com o a que a mãe deste jovem adulto diz no início da reportagem. Acho que um jovem adulto tem toda a legitimidade em procurar as suas raízes e encontrar as resposta que precisa sobre o seu passado...o meu filho incluído!
2º Embora me prepare para esse dia, não consegui deixar de me colocar no lugar destes pais e daí parte do meu nó no estômago...cria-me alguma ansiedade, confesso!
3º Tive vontade, mais de uma vez, de abraçar este jovem, pela coragem, pelo sofrimento, por todo o turbilhão que viveu... revi o meu filho nele e isso é muito complicado...daí o nó no estômago.
4º Como ele diz, talvez não tenha encontrado as respostas que procurava mas encontrou as resposta que precisava para seguir e ser feliz... devo dizer que não acredito que confrontados, e ainda mais com as câmaras, se assumisse algo mais do que o que foi dito, por parte de qualquer um dos intervenientes.
5º O final da reportagem é a prova que não é preciso ter medo deste momento, basta saber amar e demonstrar esse amor para que sejamos reconhecidos com verdadeiros pais!!
PS: Três anos, tempo médio em instituição ... se para uma criança cada dia vale meses ou anos, de quanto tempo estaremos a falar na realidade??
Ainda a semana passada falei numa outra forma de abordar esta questão neste post, mas ontem a questão voltou a surgir, embora de forma diferente. A minha mãe chega a casa com o meu piqueno (ela trabalha na escola dele...acho que já o tinha dito!) e pergunta-me porque ele não tem caderneta escolar...ah?!?!? claro que tem, a do ano anterior não estava completa portanto ficou de levar essa para a escola...claro que não levou. E descobrimos como??? Parece que a directora de turma queria mandar recado e ele disse que não tinha caderneta!!!
Já devem estar a imaginar que o que ficou a rodar na minha cabecinha não foi o facto de não levar a dita mas o facto de a directora de turma querer falar comigo!!!!
Depois de pressionar a minha mãe, que achou que não me devia dizer nada para evitar que o netinho querido ficasse de castigo antes do tempo, lá me disse que a sr.a professora a informou que o menino já apareceu 2 vezes, na sua disciplina, sem os trabalhos de casa feitos... quer que eu confirme se faz ou não... pois mas isso já eu faço, mas se não vem nada escrito eu não vou adivinhar!!!
resultado, passa a escrever até quando não tem trabalhos, que não tem nada marcado, sob pena de não receber presentes de natal nem de aniversário (que é na mesma altura)... claro que é uma ameaça forte, mas as outras não têm surtido qualquer efeito.
Também lhe disse (a DT à minha mãe) que o acha ainda mais "cabeça no ar" durante as aulas (já foi DT dele o ano passado)... e é verdade, estamos a falar com ele e vê-se as "engrenagens" do cérebro sempre a rodar... quando questionado sobre o que está a pensar diz sempre que não sabe, depois todas as conversas vão ter aos jogos de computador!!!! Já o privámos dos jogos vezes e vezes sem conta, mas aparentemente para ele é suficiente ver os outros jogar, ora de que serve eu proibi-lo se chega à escola e os colegas que têm telemóvel passam os intervalos a jogar??? Para ele basta ficar a vê-los jogar!!! Tudo serve para alimentar esse "vício"!!!!
resultado, não sei que fazer, mas gostava de ter uma solução antes de ir falar com a professora, para poder preparar o terreno para outras eventuais queixas!!
Há sempre quem venha com a conversa de que pode ter algum problema de memória ou de concentração... mas nenhum destes problemas se manifestam quando se trata de jogos electrónicos!!!! Será um problema de motivação??? Todas as técnicas que li, apliquei... e até agora nada!!!
Este fim-de-semana foi tempo de reunir com amigos. Passámos a noite em casa da comadre para poder estar, um pouco mais de tempo, com o nosso afilhado. Curiosamente, tem o mesmo nome do nosso filho e é um ano mais novo. Foi a segunda vez que se encontraram e, se no ano passado tudo correu às mil maravilhas, tornando-se, quase instantaneamente, os melhores amigos, este ano foi um pouco mais complicado.
Atenção que não correu mal e eles adoraram estar juntos. O problema foi partilhar a mãe/madrinha!!!! Domingo de manhã, e porque eram incapazes de ficar na cama, lá fui eu para a sala com os dois ver um filme qualquer, de maneira a deixar os outros adultos dormir um pouco mais. E lá começaram as picardias, não foi um nem foi o outro, foram mesmo os dois! Nem era preciso ser génio para ver o ciúme estampado no rosto de cada um!!! Na hora tratei de por fim às tolices e dei mimos aos dois sem ligar muito ao "cinema" que estavam a fazer.
À noite, já em casa, em modo relax, falei com o meu piqueno sobre algumas situações que se tinham passado, incluindo algumas atitudes menos bonitas. Foi então que voltamos a falar da hipótese de vir a ter um irmão/irmã e como isso significaria partilhar o pai e a mãe. Aí ainda ficou um pouco hesitante, afinal se a mãe não dá mimos, dá o pai e vice-versa, por isso não havia grande problema, depois quando se falou na restante família, e ter de partilhar os avós e as tias, aí a situação complicou-se mesmo e respondeu logo "nem pensar!! são meus!!!". Quando lhe perguntei o porquê de não ter ciúmes dos primos, disse que nunca me viu a dar-lhes mimo !!!! e eu fiquei mais ou menos assim para o espantada, afinal eu agarro-me aos meus sobrinhos assim que os vejo!!! Enfim, este fim-de-semana foi sem duvida um "abre olhos" para uma questão que eu achava estar ultrapassada!!!
Hoje a ler o post da Catarina dos 4reizinhos, não consegui deixar de me questionar sobre mim mesma e se não sou demasiado exigente com o meu filho. A Catarina fala sobre a memória do passado e as memórias presentes. Isto é, às vezes é mais fácil recordar uma conversa que tivemos na semana passada do que o caminho que fizemos para o trabalho hoje de manhã.
Segundo um artigo que li há uns bons anos (lá está, passado) nas mulheres isto acontece porque o nosso cérebro imprime mais facilmente uma memória quando esta está ligada a uma emoção, enquanto que os homens imprimem as memórias consoante os interesses (compartimentam as memórias). Ora como o meu rapaz É rapaz!!!! Estamos a ver como funciona a memória dele.
Então, consegue explicar-me com um detalhe aflitivo o episódio que viu de uma série qualquer sobre carros, animais, ou outra coisa do género. Decora nomes, datas, e números com uma facilidade estonteante. Depois, não se lembra se saiu de casa ou não com casaco, por isso o mais certo é perdê-lo.
A semana passada saímos mais cedo de casa, na 5ªfeira, para que tivesse tempo de passar na papelaria da escola comprar um lápis para Educação Visual que tinha na primeira hora...tinha tido a semana inteira para o fazer mas "esqueceu-se". Assim, como disse, fomos mais cedo e quando saiu do carro aqui a mãezinha ainda lhe diz: "Segue já directo para a papelaria para não te esqueceres!!!" ao que oiço a famosa resposta ao bater a porta: "Já sei!!!"... pois adivinhem lá quem foi comprar o lapinhos???? NINGUÉM!!!! porque aquele "marreta" lindo do meu coração esqueceu-se!!! SIM!!! Quando chegou a casa e lhe pergunto pelo lápis, arregala os olhos: "IIIHHH esqueci-me!!!" "Também não precisei dele, podes comprar no fim-de-semana, para a próxima aula."
Escusado será dizer que não fui, disse-lhe que era da responsabilidade dele, que tinha toda a semana para o fazer já que só voltava a ter essa disciplina hoje. E o que fez o meu "marreta" lindo?? Esqueceu-se!!!!! Todos os dias o lembrei antes de sair de casa e ao chegar ao colégio, e todos os dias chega a casa a dizer essa maldita palavra que já não suporto: "ESQUECI-ME"... hoje lá foi sem o dito lápis (não é um qualquer, é um número especial!!) ou passou na papelaria antes de ir para a aula ou vai ter falta de material!! Lamento, fico frustradíssima com isto, mas resolver o problema por ele até agora não ajudou nada, pelo contrário, piorou, por isso agora tem de sofrer as consequências para ver se aprende!!!!
Um dos passeios deste Verão foi ao Oceanário. Há anos que não visitava, mas agora com um pequerrucho que gosta tanto destas coisas tem de ser!! E que bom que foi. Há tanto para ver, num espaço tão "pequeno", tanta variedade, que é impossível numa tarde ou mesmo num dia, registar tudo.
Assim, deixo aqui uma pequena amostra do muito que se viu, em fotos gentilmente cedidas por uma das minhas manas, que nos acompanhou neste dia.
Uma das questões que mais me colocaram, aqueles que procuram a adopção, é como conseguimos preencher a alínea que pergunta qual a criança pretendida... e esta questão volta a ser levantada agora, que ponderamos aumentar a família.
Sinceramente, acho que não há uma resposta correcta. A única que pode ser considerada como verdadeira é "seguir o nosso coração". Parece lamechas, generalista e até um pouco utópica, mas é a mais sincera. Se encararmos como uma checklist que nos conduzirá a julgamentos, então é garantido que vai correr mal.
Recordo, quando foi do processo do meu filho, que inicialmente colocámos a idade que todos nos diziam ser a melhor para que tudo corresse bem, mas confesso que o meu coração não estava muito satisfeito, não sei explicar a sensação que tinha, apenas que algo estava errado. À medida que o processo foi evoluindo, e fomos aumentando a idade, as vozes exteriores aumentavam, mas a vozinha interior diminuía. Depois, quando se entrava no pormenor, e temos de decidir a raça ou etnia, a deficiência ou doenças que aceitamos, senti-me a pior das pessoas. Senti que, aí sim, via um filho como mercadoria, e não gostei. Queria aceitar tudo, mas dessa vez o coração gritou mais alto e rendi-me às evidências. Sabia que não estava preparada para lidar com determinadas situações e não queria fazer sofre mais uma criança que, certamente, já teria sofrido bastante.
E há quem pergunte, mas se fosse um filho biológico rejeitarias?? A resposta lógica é não, mas que sei eu dos "ses" da vida? Como podemos saber, com toda a certeza, o que faríamos numa situação pela qual nunca passámos?? Se fosse filho biológico não teria de me preocupar com toda uma história de tristeza e abandono, pois eu estaria lá, na adopção não é assim. Essa é a realidade!!
Estarei a procurar justificações para o que, na minha cabeça, me parece errado? Estarei a tentar fazer-me sentir melhor com as escolhas que faço? Talvez, mas uma certeza tenho, seguindo o meu coração é mais difícil errar.
Se me tivesse guiado pelo que os outros acham certo, se me deixasse guiar pelo "politicamente correcto" (como tanto se fala hoje em dia), então nunca teria encontrado o meu filho e com isso é que o meu coração, hoje, não consegue viver!!