Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Acredito muito na ideia "criança não precisa de muita atenção, precisa da atenção certa". Uma pessoa amiga da família, com uma longa experiência de vida disse-me isto em conversa há muitos anos, antes mesmo de eu pensar em ser mãe, e recordei-o quando ouvi-a duas mães a discutir o tempo que passam com os filhos.
Uma defendia que gostaria de ser "dona-de-casa" e que a filha não tivesse de ir para a escola para poder passar o tempo todo com ela, a outra, ainda que de forma subtil, dizia que era pena que a escola fechasse à noite e ao fim-de-semana!!!
Nem tanto ao mar nem tanto à terra, senhoras!!! ...Foi o que me apeteceu dizer!!!
Confesso que a primeira vez que fiquei doente, senti-me muito mal por não estar em condições para passear com o "piqueno" que acabei por ceder e, apesar dos quase 40º de febre ir fazer um jogo qualquer com ele (já nem lembro qual!!). Ainda assim fez birra, reclamou, amuou e barafustou porque queria "mais atenção"!! Foi quando percebi que não lhe estava a ensinar nada positivo com a minha atitude. Acabei por ter uma conversinha com ele e cuidar de mim!
Desde então que se separam os tempos lá em casa. Tempo de escola/trabalho é tempo de escola/trabalho, a hora da refeição é para aproveitar e conversar, as viagens entre o lá e o cá também, a hora de brincar é hora de brincar, e quando é hora do pai e da mãe descansarem também tem de respeitar!!!
O fim de semana passado consegui dormir 5 minutos no sofá à tarde com ele aninhado em mim a ver bonecos e depois, ainda manteve, mais 20 minutos de semi-silêncio para o pai descansar!!!! Foi uma vitória gigantesca... nunca tinha estado tanto tempo sossegado.... parece estranho, mas é verdade, com 10 anos e ainda não sabe estar sossegado!! Lamentavelmente, ninguém lhe tinha ensinado, por isso, agora, tem de ser aos poucos.
No ATL notaram a diferença de um ano para o outro, quem sabe no próximo ano lectivo também se notem diferenças!!
Há umas semanas tive oportunidade de conversar com um ex-professor do meu filho, de uma época em que ele ainda não estava em casa. Foi alguém que marcou a vida do meu filho pela positiva e que, por isso, fazemos questão de manter na nossa vida.
De todas as vezes que conversámos e estivemos juntos, esta, foi a primeira vez que tivemos oportunidade de falar mais abertamente sobre o "piqueno".
Confesso que foi uma espiral de emoções:
Senti-me triste e amargurada por não ter estado presente para proteger o meu filho. Senti-me feliz por saber que houve alguém que o acarinhou e cuidou apesar de eu não estar...
Houve momentos na conversa que me senti de rastos, irritada até, pois ele sabia histórias do meu filho que eu desconhecia. Outras alturas houve que me sentia muito orgulhosa do rapaz, apesar de na altura não fazer parte da vida dele...
Sofri e alegrei-me...
...e... Conheci um pouco mais do meu filho, pelos olhos de alguém que nutre um carinho especial por ele, e só por isso valeu a pena.
Como falei em posts anteriores, estas férias de Verão, optámos por, novamente, inscrever o nosso rapaz num ATL. Logo na primeira semana, uma das auxiliares do ano anterior fez questão de vir falar comigo sobre as diferenças notadas no comportamento do piqueno. "Muito mais calmo, e responsável" foi o que me disse... escusado será dizer que vim de coração inchado até casa!!!
Depois ouve uma visita aos bombeiros locais... no ano passado fez uma visita ao quartel com a escola e veio para casa como se tivesse feito o programa mais aborrecido do mundo. Não lhe consegui arrancar mais de meia dúzia de palavras sobre o assunto. Este ano, voltou ao mesmo local, com os mesmos bombeiros, e veio numa alegria só!! Descreveu toda a visita ao mais ínfimo pormenor... incluiu todos os códigos que lhes ensinaram!!!!
No ano passado quando o ia levar perguntava sempre: "A que horas me vens buscar?" e independentemente da resposta que eu lhe desse dizia-me sempre: "E não podes vir mais cedo?" e sempre que eu podia ia e ele corria para mim como se não me visse há meses. Este ano, mudaram a localização do espaço onde se reúnem e fica pertinho da casa dos avós, por isso, de vez em quando, sem rotina, vem a pé sozinho, por pedido dele. Se nos primeiros dias vinha logo a seguir ao lanche, agora fica sempre mais um pouco. Hoje quando lhe disse: "Então logo quando chegares do passeio vais ter a casa da avó." ... "Não posso ficar mais um bocadinho???"... resposta da mãe orgulhosa "Ok, fica o tempo que quiseres, quando a mãe estiver despachada se não estiveres em casa eu passo aqui para te vir buscar." ... "Obrigado mãe, obrigado!!!" e lá foi feliz e contente!!!
E aqui está uma pequena amostra do que um ano de amor, carinho, regras, castigos, persistência e estabilidade faz a uma criança, a segurança e tranquilidade que lhe transmite... mais do que tudo isto enche-me o coração!!!
São várias as desvantagens apontadas para a adopção tardia, e houve quem me tentasse demover dessa opção por pensar nelas, mas para mim, a maioria soava a vantagem!
Outras há que não são faladas e que só na vivencia diária nos apercebemos. Uma delas só hoje tive consciência dela!
Para os meus sobrinhos que foram criados desde a nascença connosco, tiveram oportunidade de conviver de perto com a bisavó numa fase em que esta estava bem de cabecinha e um corpinho com bastante genica. Acompanharam os seus desaires e o instalar da demência. O meu filho não teve essa oportunidade. Vê apenas alguém que considera adulta, que sabe que está doente e precisa de ajuda mas tem dificuldade em compreender que o comportamento não é de alguém racional e muito menos adulto.
Se avó mima, bisavó ainda mais, isso é certo, mas quando o comportamento é infantil fica complicado. Tentar educar o meu filho junto dela é tarefa impossível. Não dá para o chamar à atenção do que quer que seja sem que ela aja como se estivesse a maltratar o "piqueno" e como o que ele quer é safar-se, aproveita para criar mais confusão!!!
Com os outros meninos que crescem a ver as diferenças é mais fácil aceitarem que o que ela diz não faz sentido, mas para ele é mais difícil, afinal, na sua cabeça ela não deixa de ser uma adulta que, por ser mais velha do que eu, sabe mais!!!
No último fim-de-semana recebemos a avó paterna de visita a nossa casa. Por estar longe, passamos menos tempo com ela, mas, ainda assim, será sempre a avó!
Como acontece desde que chegou a casa, receber alguém de fora ou visitar alguém, implica sempre grande agitação. Há mais brincadeirinhas tolas, mais amuos, mais birras, mais cenas ... tudo o que estiver ao alcance para chamar à atenção, tal qual uma criança bem mais pequena. Tudo isto faz parte do processo.
Sendo a primeira vez que a avó veio, sozinha, passar dois dias connosco, ainda é maior a novidade e as dinamicas ainda estão a ser assimiladas. Respeitar o descanso da avó que ainda dorme enquanto ele vê bonecos mantendo o som da TV mais baixo, esperar pela vez dele para falar sem estar constantemente a interromper a conversa, aceitar que há programas que não vai ter tanta vontade de fazer mas que faz parte de ser um bom anfitrião. Enfim, tudo aquilo que já saberia se tivesse tido oportunidade de aprender.
Ainda assim, e tendo sido esta a primeira experiência do género, fiz um balanço muito positivo. Confesso-me muito orgulhosa do meu menino, enche-me o coração vê-lo sentir-se mais seguro, mais calmo, e em tão pouco tempo!!! Ás vezes repito a mim mesma "Só passaram 16 meses!!!" ... como é que em tão pouco tempo, tanto mudou!?!
Há pouco tempo tive oportunidade de ouvir, no programa da manhã da TVI, o Dr. Eduardo Sá comentar algumas das suas próprias frases. Como já devem ter notado, faço, ao longo do blog, várias referências a este senhor. Primeiro porque me revejo na sua "filosofia", se assim lhe podemos chamar, e depois, gosto da forma clara e simples como explica as coisas.
Uma das suas frases a comentar foi: "Fico à beira de um ataque de nervos quando me dizem: "Os meus filhos são o mais importante da minha vida!"" (min 9:57) Diz também que: "as relações mais importantes são as mais frágeis" e, portanto, são as que precisam de maior atenção. E isto foi sempre aquilo que eu pensei e nunca tive coragem de admitir por receio de ser julgada ou mal interpretada!
Agora, além da confirmação de que estava certa, ou melhor, há mais quem pense como eu, também cheguei a uma fase da vida em que acho que a minha opinião é a mais válida de todas tanto quanto à minha vida diz respeito, claro está!!
Assim, explico porque o meu filho não é a relação mais importante da minha vida. Amo o meu filho, amo o meu marido, amo os meus pais, irmãs, sobrinhos e demais família e amigos e, estranhamente, até me amo. Cada uma destas pessoas que amo é MUITO importante para mim. Ora se todas estas pessoas são importantes, devo dedicar-lhes tempo e atenção. Por exclusão de partes, a relação com os meus pais é a que precisa de menos atenção já que a ligação que temos é indissolúvel, com as minhas irmãs idem. A ligação com o meu filho existe apenas, é portanto indissolúvel. Já a relação que construi com o meu marido existe pelo tempo que partilhámos juntos, pelas experiências que vivemos, pela entrega que demos um ao outro, ora se pararmos isso a relação morre, daí ser realista e dizer que a que é mais importante é a que pode quebrar e que exige um cuidado especial.
Com tudo isto, não significa que vou relaxar nas outras relações, tenho a obrigação ( e prazer dahh!!) de cuidar e mimar o meu filho, os meus pais, irmãs e "outros tais"... não significa que ame mais uns do que outros, apenas de maneira diferente como deve ser!
Dito isto, peço a quem me lê, que não confunda o ser importante com o amar, nem dar importância com ser importante!
Hoje começaram as férias escolares e, tal como no ano passado, optámos por inscrever o "piqueno" nos tempos livres durante o mês de Junho e Julho.
É verdade que ele até poderia ficar comigo, e ele também disse que preferia... mas qual é a piada de passar o dia fechado em casa durante quase 3 meses, sem amigos para brincar??!!??
Financeiramente, seria bem mais interessante, mas com jeitinho tudo se consegue, além de ter companheiros para a brincadeira, ainda por cima, conhece sítios novos, faz actividades diferentes, e em alguns dias, ainda vem cedo para casa para estar com a "mamã"
E para bem da sanidade mental da mãe, também é muito positivo... passar o dia com uma pessoa que sofre de demência custa um bocadito, ainda que seja alguém chegado ao nosso coração, mas lidar com isso e com uma criança irrequieta, e com a constante competição dos dois pela minha atenção...enfim, acho que ao fim de uma semana era eu quem iria parar ao manicómio!!!!
Assim, é bom para todos....ok ok, excepto para a bolsa do pai e da mãe... pois, não se pode ter tudo!!!
Acabei de ver à pouco a entrevista que o Daniel Oliveira fez, no Alta Definição à Catarina Furtado. Não sei se ele escolhe a dedo os entrevistados e são todos mesmo muito interessantes, ou é a forma de entrevistar do Daniel que torna as pessoas interessantes.
De qualquer forma, confesso-me fã da Catarina Furtado à anos. Nem sempre o confessei, mas a idade trás destas coisas e ficamos capazes de nos assumir como antes não seriamos. Na verdade, em jovem admirava a sua beleza física, mais do que qualquer outra coisa (aquela invejinha!! ). Enquanto apresentadora nunca lhe reconheci grande mérito (quem sou eu para falar ) tirando a simpatia e o sorriso fácil.
Verdade seja dita que, para os mais desligados (como eu!), pouco do trabalho que ela faz é divulgado nos grandes meios, além dos "pretensos" ordenados, as entradas e saídas dos canais de televisão, e dos programas que apresenta, pouco mais se conhece. Ás vezes é preciso ler as notas pequeninas da imprensa, ver aqueles programas que não são feitos para as massas, para conhecer o verdadeiro trabalho de algumas pessoas.
Só assim se conhece o verdadeiro valor de cada um e, não reconhecer todo o trabalho humanitário que ela faz, parece-me de grande injustiça. Ainda assim, haverá quem ache que é tudo para a fotografia. Devo dizer que, ainda que fosse (não acredito), não lhe diminuía o mérito. Só a força e coragem que é necessária para enfrentar determinados ambientes/realidades, vindo ela de um meio privilegiado, como a própria reconhece, é sem duvida de admirar.
Eu não sei se seria capaz! Não só de ir, mas de voltar inteira.... acho impossível enfrentar a realidade que ela enfrenta sem deixar um pedaço da alma para trás!