Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Este blog, mais do que "mãe de coração" tem
"fragmentos de uma vida comum".
Uni os dois blogs e, aqui, falo de adopção em geral,
da nossa experiência e de outros pedaços da minha vida.
Há meses que o meu filho reclama uma ida ao castelo (sim, na nossa cidade há um), mas por este ou aquele motivo, tem sido sempre adiado, então, decidi que destas férias não passava. Temos a sorte de estar os dois por casa e, por isso, dá para estes programinhas a dois. Já o tinha feito com os sobrinhos, com amigos, com marido, só faltava mesmo com o filho!
O problema é que o clima não tem ajudado e só hoje foi possível... seria de esperar que ficasse entusiasmado, mas, como sempre que lhe fazemos a vontade, particularmente se passou algum tempo desde que pediu, o mais certo é amuar e dizer que já não quer. Assim, fiz surpresa até chegar ao destino! CLARO, que não lhe apetecia ir, não queria andar, estava cansado, estava com sede...enfim...quem os entende!!!
No final, correu, saltou, pesquisou a informação, delirou com a vista das torres, tirou fotos e até se deixou fotografar (é sempre uma luta)! Chegámos a casa cansados mas muito bem dispostos!!!
Chorei pela tristeza que senti instalada no coração de outros.
Chorei porque quando nos toca na pele se sente de forma diferente.
Só não chorei o fim desta vida.
Foi uma vida cheia de momentos únicos e profundos.
De histórias trancadas dentro de um ser calado.
Foram 100 anos vividos na simplicidade que lhe era característica, rodeado de amor e carinho, e saboreados quase até ao último minuto, com uma lucidez arrepiante.
Por isso não choro, mas presto homenagem, a um homem que foi quase um avô, que esteve muito presente em tantos momentos especiais da minha vida. Um Homem que me mostrou a garra e força necessárias para ultrapassar as adversidades, que viu a sua história ser reescrita vezes e vezes sem conta, que presenciou os momentos mais marcantes da nossa história, que, à custa das suas dores, silenciou e fechou dentro de si uma história que apenas posso imaginar rica.
Hoje presto homenagem ao Homem que foi quase um avô, que viveu 100 anos, reuniu os que mais amava e que o amavam e, depois, não quis viver até aos 101.
Alguém me explica a diferença?? Ok Ok sei também apontar algumas:
Dona de casa: não recebe ordenado pelo trabalho que faz.
Empregada doméstica: chega a casa e volta ao mesmo...sem ser remunerada.
Dona de casa: organiza o seu dia.
Empregada doméstica: tem de cumprir horários.
Dona de casa: não faz descontos mas tem direito a pensão de sobrevivência (se é que alguém sobrevive com o que recebe!!)
Empregada doméstica: declara ou não rendimento tendo como garantia que, se declara, o melhor é ser dona de casa!
Confesso que nunca me imaginei como dona de casa, certamente, nem nos meus pesadelos, imaginava um dia estar na posição em que estou, mas não me posso queixar, afinal há quem esteja pior! Ainda assim, foi tema que sempre me irritou, quando se perguntava às amigas o que fazia a mãe e ela dizia, "nada, está em casa!", especialmente quando se tratava de "amigas" que gozavam connosco porque tínhamos de ajudar em casa (a minha mãe, também trabalhava fora de casa!). Enfim, pode dizer-se que éramos crianças, mas as crianças, como se sabe, têm uma percepção muito mais realista das coisas, porque são livres de preconceito...ou pelo menos, até que nós pais e a sociedade em geral, o grave nos seus cérebros.
O meu filho também era assim, tinha ideias pré-concebidas sobre o trabalho doméstico e o papel da mulher e do homem, ideias essas que têm vindo a ser trabalhadas de forma a limpar esses preconceitos que lhe foram incutidos. Dizia sempre que a mãe não fazia nada, que passava o dia em casa, e por mais que lhe explicasse, todo o trabalho que fazia ele parecia não perceber. Então, há uns tempos encontrou a minha lista de afazeres em cima da bancada da cozinha e esteve a ler, até que perguntou o que era. Expliquei que eram tarefas que tinha feito ao longo do dia e o que estava programado fazer. Respondeu: "Acho que o pai também devia fazer uma lista, porque acho que não faz tantas coisas como tu e passa mais tempo fora de casa"....ok, e agora tenho de lhe explicar que alguém tem de trazer dinheiro para casa.
Enfim, tudo isto para dizer que decididamente, trabalho doméstico é ingrato porque nunca acaba, não é remunerado, não é reconhecido, e, na maioria dos casos, ainda que a mulher trabalhe fora, tenha vencimento, acaba por chegar a casa e ter todo ou a maior parte do trabalho para fazer!!!
Gostaria de poder estar cá para assistir a um mundo diferente, estou a "trabalhar" para que a próxima geração seja mais equilibrada e livre de preconceito (pelo menos este)...gostaria de saber que há mais, como eu, que travam esta luta!!!!
Para que o blog seja consagrado com este prémio, temos de seguir os seguintes 6 passos:
Escrever 11 factos sobre nós próprios. Responder às perguntas que nos colocaram. Nomear 11 blogs com menos de 200 seguidores. Fazer 11 perguntas a esses blogs nomeados. Colocar a foto do Liebster Award no post. Enviar o link do post a quem te nomeou.
11 Factos sobre mim
Adoro conversar
Gostaria de viajar mais
Sou sonhadora
Aprendi, depois dos 30, a ser mais racional
Sou emotiva
Aprendi, depois dos 30, a observar mais e a falar menos
Não gosto de mentiras
Odeio a desumanidade
Sou consciente da minha mortalidade
Adoro viver
Um dos meus grandes prazeres são as reuniões de família
11 perguntas que me foram colocadas:
1 - Qual o momento mais marcante das vossas vidas? Momentos marcantes já foram alguns, uns melhores outros nem por isso. Um que posso destacar e que me parece relevante neste meu blog, menos bom (para não dizer péssimo) foi quando, durante uma ecografia de rotina o radiologista me pergunta: "Já tem filhos?", eu: "Não", ele: "Bem, pelo que vejo aqui não me parece que venha a ser mãe!" escusado será dizer que saí de lá como se estivesse em queda livre...num outro momento marcante, pela positiva, foi quando conheci o meu filho...se me cruzasse com aquele dito senhor era um "Toma lá!!!" que lhe esfregava na cara!
2 - Já te arrependes-te de algo? Se sim o quê? Sim e não. Arrependo-me de algumas opções profissionais que fiz ao longo dos anos, mas não sei se estaria numa situação melhor se as decisões tivessem sido diferentes!
3 - Local mais marcante onde foram de férias? O Cruzeiro que fiz há uns anos. Não recomendo cruzeiros no atlântico (apanhámos a semana com o mar mais agitado da época) mas é a melhor forma de visitar várias cidades/países de uma só vez.
4 - Última ida a um restaurante e qual? Não foi o último, mas gosto de ir a Almeirim comer a sopa de pedra, nunca me lembro do nome do restaurante mas fica junto à praça de touros.
5 - Gostas mais de dar ou de oferecer? confesso que é mais fácil receber (não por não gostar de dar)...sou fácil de contentar e tenho uma dificuldade TREMENDA em escolher presentes para os outros. É lamentável que depois do aniversário das pessoas consigo encontrar sempre algo que me faz pensar nelas e que gostaria de lhes oferecer...podia guardar para o ano seguinte, mas não consigo, se comprei para a pessoa X tenho de lhe entregar de imediato!!!!
6 - Que livro te marcou? Cada um me marca de forma diferente. Recordo dois, Onze minutos de Paulo Coelho e Baunilha e Chocolate de Sveva Casati Modignani, porque me abriram os olhos para preconceitos que eu tinha. Achava-me isenta de preconceitos e descobri que não era assim, quando, inicialmente, rejeitei os dois livros por achar que as histórias não tinham nada para me dar....estava errada.
7 - Que filme mais te marcou? Houve alguns mas a destacar, sem dúvida, Para a minha irmã (My Sister's Keeper) com Cameron Diaz, Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, e Alec Baldwin.
8 - Qual a peça de roupa mais cara que possuis? Pois...sou muito forreta na roupa, canso-me depressa da roupa e por isso opto por peças mais baratas para poder estar sempre a renovar, mas sem dúvida os casacos de inverno são as peças mais caras.
9 - O que não abdicas na rotina de beleza? O creme hidratante.
10 - Comida preferida? Adoro comer e por isso é difícil escolher. Há a feijoada da minha mãe, a vitela estufada da minha tia, os bifes vitela que a sogrinha arranja, batata à murro com bacalhau assado, as saladas da minha irmã mais velha...enfim, acho que já deu para perceber que se é salgado adoro...doces, nem tanto. Gosto de comida indiana - picante, sushi...é melhor parar por aqui!!!
11 - Uma receita que saibas fazer de cor, e se possível a receita da mesma! Quando tenho sobras de frango assado gosto de aproveitar com cuscus, milho, ervilhas e pimento vermelho...um prato bem colorido e que é muuuiiitttooo rápido...pena que o marido não aprecia o cuscus!!!
Receita:
Coloco o cuscus numa taça com uma pitada de sal e cravinho, rego com àgua a ferver até cobrir e deixo a repousar.
Numa WOK deito um fio de azeite com um ou dois dentes de alho e vou "atirando para lá o frango à medida que o desfio.
Acrescento o pimento vermelho em quadradinhos pequenos, as ervilhas e o milho descongelado e escorrido.
Retiro do lume e envolvo tudo com o cuscus, já seco, e é só servir!!!
Há 10 anos imaginavas a tua vida como é hoje? Se não, o que seria diferente?
3 lugares a visitar.
Doce ou salgado? Qual?
3 livros preferidos.
Praia ou serra? Porquê?
3 filmes marcantes.
Se pudesses escolher qualquer pessoa para jantar, viva ou morta, famosa ou não, quem seria? Porquê?
3 qualidades que aprecias.
O que gostarias que te tivessem dito sobre a vida adulta que não disseram?
3 defeitos que não toleras.
PS -Ok Ok sei que não nomeei 11, buhuuh não vou ganhar o prémio, mas foi divertido à mesma pensar no que responder e o que gostaria de saber...quanto aos que nomeei sei que alguns já responderam, mas se estiverem para aí virados gostaria de, pelo menos, receber as respostas às minhas questões, e se quiserem às que me foram colocadas também!!!
Começámos a semana de férias de forma interessantes!
Ontem, quando me levantei, já o pequeno estava no sofá a ver bonecos (levanta-se mais cedo do que em tempo de aulas, como é típico). Como lhe tinha dito que se tivesse fome era só ir à cozinha (nos primeiros tempos ficava sempre à nossa espera, só comia se lhe déssemos), pois ele optou pelo armário das bolachas e escolheu, claro, as de chocolate. Quando entrei na sala estava tudo cheio de migalhas... até aí nada de mais, de vez em quando acontece, o pior foi dizer que EU tinha de limpar, porque eu é que sou a mãe!!!!! Pois, isso aqui à JE não cai nada bem mesmo, por isso, depois do pequeno almoço a sério, foi lavar, vestir e começar a arrumar e limpar! Além de arrumar o quarto dele teve de aspirar a sala e limpar o pó enquanto eu tratava da cozinha!!! E não é que andava todo feliz e satisfeito!?!? Foi regar as plantas interiores, e depois de almoço limpou loiça e pôs a loiça suja na máquina!
Hoje, e porque, quando é chamado à atenção por andar a esfregar-se no chão com roupa lavada na hora de sair, responde que não faz mal porque a mãe lava, foi ele pôr a roupa a lavar com a mãe!! No final esteve a estender, o que era de estender e a colocar a secar o que vai para a máquina de secar! Também dobra a roupa interior, quer dele quer dos pais. Pode parecer castigo mas ele fica feliz com estes momentos. Sente-se útil e parte da família. Além de que é extremamente didáctico.
Devia incluir estas tarefas ou algumas delas, nas suas obrigações, mas não faço. Estas situações servem, não só para o educar no sentido de que a casa é de todos e todos temos de cuidar, mas também vai aprendendo a criar independência. Tal como o pai, quero que o meu filho saiba fazer um pouco de tudo em casa para nunca depender de outros. Seja a cozinhar (que já ajuda, é quem prepara a salada na maioria dos dias), a limpar e arrumar, e a cuidar da roupa dele.
Se faz perfeito, não faz, mas não me preocupa, são momentos de actividade em família que muitas vezes levam à brincadeira, ao mesmo tempo que o educa para o respeito pelo espaço que partilha com os outros, e pelos outros!
Como mencionei noutros posts, adoro arrumação, organização, mas não tenho aquela veia perfeccionista que me obriga a ter sempre tudo no sitio, pelo contrário. Então, para me ajudar a simplificar as coisas ando sempre à procura de novas soluções e encontrei as que coloco abaixo que me agradaram mais. As fotos vieram daqui.
A - Tenho uma travessa gigante de metal que já correu metade dos armários cá de casa por não caber, convenientemente, em algum. Esta ideia parece-me prática e fácil de executar, basta a "dita" forrar com um papel ou tecido interessante e arranjar uns ímanes!! Agora falta é descobrir onde a colocar!!!!
B - Assim que vi esta solução para o escorredor da loiça fiquei apaixonada, já estou a fazer planos de como remodelar a cozinha para acomodar uma coisa destas....não sei é quantos ANOS terei de esperar para que isso possa acontecer!
C - Na decoração, adoro um toque "antigo" num espaço moderno. No hall cá de casa, apesar de não ter um design ultra moderno, tem uns toques modernos e coloquei uma mesinha com a armação de ferro de uma antiga máquina de costura. Este acessório parece-me divinal para dar esse toque antigo à cozinha, pena não ser fácil de encontrar.
D - As caixinhas separadoras para gaveta são óptimas para quem gosta de ver tudo direitinho como eu, o problema é que, na maioria dos dias, as pressas, fazem com que simplesmente atire com as coisas de qualquer maneira. Depois passo horas no fim de semana a repor tudo no sítio....
... o dia da mãe... o dos namorados... o dia dos avós... o dia disto... o dia daquilo... todos os dias há algo que nos é dito que devemos celebrar, confesso que nunca gostei... esta coisa da obrigatoriedade tira-me a vontade de tudo. Sempre que posso estou com as pessoas que amo, procuro sempre, não só dizer-lhes que os amo como faço por demonstrar, procuro sempre agradecer o que fazem por mim e pedir desculpa por algo que não fiz ou fiz menos bem. É assim que eu sinto que deve ser, afinal não sei o que vai acontecer amanhã!
Achava que quando fosse mãe esses dias podiam ser mais importante, ter um novo significado, mas não têm.
Gosto de viver os dias todos como sendo especiais, gosto de celebrar as datas que são importantes para a NOSSA família, não aquelas que nos são impostas. Se calhar porque nunca gostei de imposições, sempre fui a rebelde que se manifestava contra o pré estabelecido. Assim ontem foi dia de "festa" mas foi dia de celebrar o início de uma relação que construo com o meu marido há já 19 anos...parece uma vida inteira. Por isso sim o dia 19 de Março é especial para mim!
Esta pequena expressão, ontem, deu pano para mangas. Estamos a falar, claro, da expressão matemática de arredondamento. Este é sem duvida o calcanhar de Aquiles do meu filho, a matemática. Seria de imaginar que tem, portanto, sérias dificuldades com a disciplina, mas não é o caso. Segundo a própria professora ele tem excelentes capacidades de raciocínio lógico, e facilidade em apreender a matéria. Confuso? Eu também fico baralhada.
A primeira "crise existencial" do meu filho aconteceu exactamente com os primeiros trabalhos de casa de matemática. Nesse dia tinha errado uma conta ao trocar um número, e quando lhe expliquei onde estava o erro, explodiu com uma enxurrada de acusações que não tinham qualquer fundamento. Nomeadamente, dizer que eu estava a chama-lo burro, que achava que ele não sabia nada, que não gostava dele. Nessa mesma altura, consegui falar calmamente com ele, explicar-lhe que não pensava nada do que ele dizia, que nem queria ouvir a palavra burro aplicada a outra coisa que não ao animal a que corresponde e que erros todos nós cometemos e este até era fácil de corrigir, com um pouco mais de atenção e treino. Depois desse primeiro momento a situação resolveu-se e ele conseguiu fazer tudo direitinho e sem ajuda.
O problema é que "volta e meia" a situação repete-se. Uma pequena dificuldade, uma palavra fora do sitio, um número trocado e a enxurrada repete-se, e agora já não é tão fácil ficar só pela conversa porque ele acaba por se tornar agressivo connosco e responde torto, acabando diversas vezes de castigo por ser mal educado. A verdade é que sempre, depois de se acalmar, pega no exercício e faz tudo bem sem ajuda, mas aquele "click" está difícil de passar.
Se ao menos eu soubesse o porquê de ele se sentir assim em relação a esta disciplina, talvez o pudesse ajudar mais. Já tentei conversar com ele sobre o assunto, tentar perceber de onde vem a aversão à disciplina e porque é que ele se acha "burro" quando tira excelentes notas. Estamos sempre a lembrá-lo que o importante é que estude e treine, que os resultados bons vão aparecer (como aliás já aconteceu), e que não precisa de ter bom para gostarmos dele.
Quando falei nisto a uma pessoa amiga formada em psicologia disse que isso só poderia mudar com o tempo, que só quando ele estivesse seguro é que falaria mais abertamente sobre estas e outras questões connosco, que preciso ter paciência. E, convenhamos, isso é a parte fácil, o mais difícil é vê-lo tão abalado com algo que nós não podemos mudar de uma hora para a outra. Não há nada pior do que ver um filho a sofrer e saber que só o tempo o vai ajudar!!
Planos e mais planos e outros planos.....e nada feito!!!!
Se há alguém a quem este clima afecta é a mim. Chegasse aos dias escuros, frios ou chuvosos e parece que me sugam a energia, a vontade de fazer. Não era altura de vir o sol de uma vez? O ano passado praticamente não vi o verão e este ano estou tão desesperada pelo sol e pelo calor que qualquer dia menos solarengo e entro em "depressão".
Se vivesse sozinha acho que me enroscava no sofá o dia inteiro sem me mexer!
Estou mortinha pelo VERÃO!!!!! Quero abrir as janelas respirar o ar fresco da manhã e o ar quente da tarde. Quero sentar no alpendre ao fim da tarde e saborear o pôr do sol!!!
Apesar de conhecer a realidade, vê-la transposta preto no branco em números torna-se ainda mais assustadora.
É verdade que pais biológicos também devolvem entregam os filhos para adopção, há crianças que entram assim no sistema, e algumas porque os progenitores também não estão preparados para os desafios de educar uma criança ou porque têm, aquilo a que chamo de, impossibilidade genética de criar empatia e laços de amor, mas quando se trata de adopção, para mim, é muito mais grave. No caso biológico considero um erro da natureza, permitir que uma mulher dê à luz quando tem esta "incapacidade" e uma que não a tem, não pode engravidar. No segundo caso trata-se de algo bem diferente, só recorre à adopção quem quer. Como é que se pode confiar uma criança a quem não está preparado?
Vejo muita discussão sobre o processo de adopção, as burocracias, as invasões de privacidade, as exigências, os longos questionários e entrevistas, oiço muita vez debates sobre o agilizar dos processos de adopção, e então penso, especialmente depois de ter passado por lá que o maior defeito de todo o processo não está desse lado da equação. Na melhor das hipóteses o processo é até muito simples e célere se considerarmos que um pequeno grupo de pessoas, tem de definir se as pessoas que se estão a candidatar a receber uma criança no seio da família como filh@, pessoas que lhes são completamente estranhas, estão realmente aptas para o fazer.
Para mim, deveria haver mais acções de formação, como a que fez parte do processo de avaliação de candidatura. No pouco tempo que tivemos, houve debate, partilha de ideias, e no meio dos grupos deu para perceber quem estava mais "fora da realidade". Recordo um "futuro pai" que se candidatava a uma criança com menos de três anos, considerar razoável esperar que a criança fosse obediente e agradecesse o sacrifício que ele iria fazer para lhe "dar uma vida melhor". Afinal, dizia ele, teria de fazer algumas mudanças na sua vida e o seu filh@ deveria mostrar-se grato por isso. Claro que toda a gente se riu, todos acharam piada, só quando ele fez um ar ofendido e disse que estava a falar a sério é que um pesado silêncio caiu na sala. Se foram aprovados ou não, não sei, sei que ficaram a conversar com a psicóloga e a assistente social no final. Até que ponto elas, mesmo com toda a experiência que têm, poderiam ter a certeza que ele realmente pensava assim, ou simplesmente não se soube exprimir??!!
A meu ver, a única parte do processo que precisa ser agilizada é a abertura do projecto de vida da criança para adopção. Quando os progenitores rejeitam um filho não me parece necessário um ano para mudarem de ideias. Quando a criança é retirada por maus tratos, negligência ou outras motivações semelhantes, não me parece que seja necessário um ano, dois ou três para verificar se estão a tomar as medidas necessárias para alterar a situação e assim poderem ter o filh@ de volta num ambiente saudável. Deixar as crianças a "marinar" numa instituição enquanto os adultos decidem o que querem da vida parece-me um crime!